Novidades

20.09.2018

A escola do seu filho se preocupa com as emoções dele?

link copiado
A escola do seu filho se preocupa com as emoções dele?

A inteligência emocional é definida como a capacidade de um indivíduo de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, de se motivar e de gerir bem suas emoções e seus relacionamentos. Esse termo passou a ser amplamente conhecido a partir dos estudos do psicólogo Daniel Goleman na década de 1980.

Embora exista o componente do temperamento de uma criança, que é herdado geneticamente, existem muitas habilidades que podem ser desenvolvidas − especialmente até os 12 anos −, tendo em vista a maleabilidade cerebral. “Nesse período, uma das maneiras de incentivar as habilidades socioemocionais da criança é o estímulo ao reconhecimento das emoções.

A criança aprende por meio da observação das expressões faciais do adulto, do tom de voz e da nomeação das emoções”, conta a psicóloga Caroline Sobocinski Paes, do Departamento de Saúde Escolar do Colégio Bom Jesus, que reforça a importância de acolher a criança no que ela sente e está expressando, sem julgamento ou repressão do adulto. Já na interação com seus pares, a psicóloga sugere que a criança seja estimulada a propor e participar de brincadeiras livres, que permitem processos relacionados ao aprendizado, favorecem o desenvolvimento da linguagem, a capacidade de resolução de problemas e a competência para aprender a perder, ganhar e arriscar. “O brincar, além de estimular áreas cerebrais, refina habilidades relacionadas às características psicológicas, aumenta a conexão entre os neurônios e libera neurotransmissores relacionados à sensação de prazer e bem-estar.

Encontros entre crianças são fundamentais para a expressão da espontaneidade e de competências, diferente da interação pelo mundo virtual, em que se perde o contato olho no olho, a comunicação direta e a manifestação da afetividade”, completa Caroline.

No ambiente e na vida escolar, muitas vezes as crianças e os adolescentes se deparam com situações complexas que requerem respostas ou comportamentos mais adequados. Lidar com as regras, os limites e as frustrações; enfrentar conflitos interpessoais; resolver problemas e tomar decisões que envolvam uma repercussão de longo prazo; resistir à pressão dos pares para um padrão de comportamento não saudável; entre outros, são alguns exemplos. As evidências científicas apontam para o fato de que as crianças e os adolescentes que desenvolvem um amplo repertório de habilidades socioemocionais estarão menos vulneráveis a transtornos emocionais − depressão e ansiedade −, incluindo o abuso de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas). Como forma de auxiliar o bom desenvolvimento de seus alunos, o Departamento de Saúde Escolar do Colégio Bom Jesus elaborou o Programa de Desenvolvimento de Habilidades Sociais. A família é envolvida nessa tarefa por meio de atendimentos, informativos e sugestões para utilizarem na relação com seus filhos.

Emoções saudáveis em casa
Apesar dos esforços e do comprometimento da escola, os familiares que participam da educação das crianças e adolescentes têm um papel primordial no desenvolvimento da inteligência emocional. Neste contexto, algumas ações positivas para colocar em prática são:

  • Incentivar e promover momentos de interação com as crianças e os adolescentes da mesma idade.
  • Estimular a expressão dos sentimentos.
  • Estimular o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas e ensiná-los a buscar ajuda quando necessário.
  • Incentivar a criança a posicionar-se diante de críticas ou provocações.
  • Valorizar as pequenas conquistas da criança para que ela possa apresentar uma boa autoestima.
  • Incentivar que ela reaja de forma assertiva nas interações sociais e não de forma passiva, agressiva ou manipulativa.
  • Estabelecer as regras e os limites de maneira clara, ensinando-a a lidar com frustrações.
  • Diante de conflitos, ensiná-la a perceber as situações pela perspectiva do outro e não somente da sua.
  • Ensiná-la a respeitar as diferenças.
  • Incentivar as brincadeiras livres, longe de eletrônicos, tanto individuais quanto em família e com seus pares.
Na opinião da psicóloga, crianças com mais habilidades socioemocionais tendem a se relacionar melhor com os pares e com os professores e outros adultos. Demonstram maior motivação diante de situações novas e desafiadoras e, por isso, terão mais facilidade no processo de aprendizagem escolar e relações sociais mais satisfatórias e duradouras. Além disso, conseguem desenvolver a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, de identificar as emoções do outro e ajudá-lo quando precisa. Portanto, elas têm menos propensão a praticar bullying e mais chances de auxiliar um colega que esteja sofrendo bullying. ”Indivíduos capazes de regular suas emoções tendem a ter níveis menores de estresse, dedicar-se mais a uma tarefa, resolver ou mediar conflitos de forma mais eficaz e desenvolver melhor suas outras habilidades”, finaliza Caroline.

Esse conteúdo foi publicado no Guia dos Pais do G1 Paraná.