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19.11.2018

Iniciação científica no Ensino Médio pode abrir portas para uma graduação no exterior

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Iniciação científica no Ensino Médio pode abrir portas para uma graduação no exterior

Ela tinha apenas 16 anos quando desenvolveu um projeto para diminuir a utilização de embalagens de isopor, que agridem o meio ambiente, por meio do uso de um material orgânico, produzido com o bagaço da cana. Graças a essa ideia, a estudante Sayuri Magnabosco conquistou mais de oito prêmios no Brasil e no exterior, além de destaque na imprensa. Histórias como a de Sayuri são a comprovação da importância de formar, desde cedo, pesquisadores e especialistas que vão influenciar ativamente nas transformações sociais do país. Infelizmente, desenvolver jovens cientistas tem ficado sob a responsabilidade de poucas instituições privadas, que valorizam a pesquisa e trabalham no conceito de abordagem investigativa.

Esse é o entendimento do Colégio Bom Jesus, que realiza um trabalho científico que começa nas primeiras séries. “Mais do que a conquista de prêmios e reconhecimento, entendemos que a pesquisa desenvolve autonomia, curiosidade, pensamento crítico e comparação com o dia a dia”, conta Adalberto Scortegagna, coordenador de Iniciação Científica do Centro de Estudos e Pesquisas do Bom Jesus. Ele explica que no final do Ensino Fundamental, quando a pesquisa já não é mais uma desconhecida do aluno, e ao longo do Ensino Médio, o colégio oferece a oportunidade de participar do Programa de Iniciação Científica. “Nesse modelo, os alunos interessados em desenvolver pesquisa recebem a mediação de um professor orientador para desenvolver todos os passos de uma pesquisa científica”, conta o coordenador.

O Bom Jesus acompanha cada um dos projetos e, após uma criteriosa seleção interna, os inscreve em Feiras de Iniciação Científica em nível regional e nacional, além de participar da Feira de Iniciação Científica do Ensino Médio (Ficem), evento interno que reúne os melhores trabalhos na sede do Bom Jesus, em Curitiba. Fazer parte do programa e expor na Ficem foi a escolha de Sayuri, que estudou no Bom Jesus e iniciou a pesquisa que rendeu tantos prêmios dentro do colégio. Hoje ela estuda na Dartmouth College, nos EUA.

Esse é outro ponto importante da iniciação científica: as oportunidades para estudar em universidades estrangeiras. Além de Sayuri, diversos alunos conquistaram vagas internacionais graças ao histórico escolar. Após conquistar as medalhas de ouro nas olimpíadas de Química (fase estadual) e de Astronomia (nacional) e ser finalista do Projeto Jovem Cientista, na categoria Ensino Médio, Breno de Mello Dal Bianco, também ex-aluno do Colégio Bom Jesus, foi aceito na Universidade Stanford, para a faculdade de Engenharia.

A 4.ª edição da Ficem, que é realizada anualmente, aconteceu de 24 a 26 de outubro e reuniu centenas de estudantes, além de um grande público, formado, inclusive, por empresas focadas em inovação, interessadas em conhecer novos projetos e talentos. Durante três dias, os alunos colocaram-se à disposição do público para apresentar seus projetos e ideias. Os trabalhos estavam divididos nas seguintes áreas:

  • Terra (Ciências Exatas e da Terra e Ciências, Ciências Agrárias)
  • Vida (Ciências Biológicas e da Saúde)
  • Engenharias
  • Sociedade (Ciências Sociais Aplicadas e Humanas)
Seleção
As 36 Unidades do Bom Jesus, assim como as escolas conveniadas, enviaram, ao todo, 400 projetos. Dessas centenas de propostas, a banca formada por profissionais do Centro de Estudos e Pesquisas (CEP) do Bom Jesus selecionou 105 trabalhos. Foram considerados a postura científica, o método, a relevância social, a inovação e a criatividade de cada projeto. Após a seleção, os alunos de outras cidades, custeados pela Unidade Bom Jesus de origem, vieram a Curitiba para apresentar os resultados para familiares, comunidade, professores e demais convidados. As melhores pesquisas foram premiadas no último dia de evento.

Parceiros

Neste ano, a edição contou com a participação das empresas BCredi, Distrito Spark CWB, Editora Bom Jesus, FAE Centro Universitário, Laboratório Frischmann Aisengart e Rumo Logística, que avaliaram os trabalhos e pontuaram os destaques. O CTO da BCredi, Fredy Schaible, se impressionou com a qualidade e o preparo dos estudantes. “Percebi um foco social bem presente e achei interessante a visão de parcerias e monetização dos alunos. Muitos já estudaram a viabilidade de seus projetos”, conta Fredy, que entende que o empreendedorismo ocorre cada vez mais cedo e deve ser estimulado. “Quanto antes esse estímulo acontece, melhor é para o jovem”, completa.

O tema

Ao entrar para o Programa de Iniciação Científica, o aluno é estimulado a trabalhar temas que incomodam ou fazem parte do seu dia a dia. Muitas pesquisas têm cunho social e desenvolvem materiais para sanar problemas que fazem parte da própria rotina do aluno. É o caso da estudante Maysa Soares Fernandes, aluna do Bom Jesus de Itatiba. Com apenas 16 anos, ela venceu a Ficem em 2017 e 2018. Nesta edição, ela apresentou o retrofitting da geladeira portátil para armazenamento de insulina com placa Peltier.

O produto nasceu a partir de conversas com a avó, que é enfermeira e sugeriu algo na área de saúde. A partir de entrevistas realizadas com pacientes diabéticos de Bragança Paulista e Itatiba, muita pesquisa e a parceria do professor orientador, Maysa chegou à proposta campeã. Hoje a aluna comemora a possibilidade real de se tornar uma cientista. “Acho incrível essa oportunidade, que se parece muito com TCC de um curso universitário. Acredito que terei créditos por ter feito minha iniciação científica antes mesmo de chegar à faculdade”, completa a estudante, que planeja ser médica.

Já o aluno Paulo Mathias, do Bom Jesus Centro, em Curitiba, participou pela primeira vez da Ficem com um projeto baseado em sua própria visão do ensino. “Eu proponho a implementação das estratégias TED pelo professor em sala de aula, ou seja, novas maneiras de ministrar aulas, com base em ações como contação de histórias, promoção de experiências sensoriais e tudo que melhore a assimilação dos conteúdos”, conta Paulo, que estudou metodologia ativa e educação em outros países e se inspirou na maneira questionadora de seu comportamento. “Fiz questão de trabalhar com o tema educação porque acredito na necessidade de mudança em sala de aula”, completa. O trabalho rendeu para o aluno o Destaque da Editora Bom Jesus em Inovação.

Esse conteúdo foi publicado no Guia dos Pais, do G1 Paraná.