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24.09.2018

Por que a empatia pode prevenir o bullying?

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Por que a empatia pode prevenir o bullying?

Certamente você já ouviu falar sobre empatia. Mas o que exatamente isso significa e como ela pode ser uma ferramenta importante para evitar que o bullying aconteça? “A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Ter empatia não significa sentir a dor do outro, mas reconhecê-la pelo olhar daquele que, de fato, a está sentindo. Está ligada à vontade de compreender e conhecer o outro verdadeiramente, sem julgamento, crítica ou preconceito”, conta Cássia Wicthoff, psicóloga do Departamento de Saúde Escolar do Colégio Bom Jesus. Para ela, quanto mais a capacidade empática for desenvolvida, mais chances há de reconhecer atitudes inadequadas que provocam sofrimento alheio e mudar de comportamento. E é por isso que exercitar a empatia deve ser algo feito já nos primeiros anos de vida da criança.

Neste cenário, os adultos devem ficar atentos às experiências sociais corriqueiras vividas pelas crianças e interferir e levar à reflexão sobre o impacto que suas atitudes têm sobre o outro e vice-versa. “Com as crianças pequenas, por exemplo, algumas ações, como conversar sobre o que acontece com elas quando disputam o mesmo brinquedo ou quando uma criança empurra o coleguinha, pensar como cada uma se sentiu, pedir desculpas e dar a oportunidade para que o coleguinha se expresse, são exemplos de ações singelas, mas de grande importância no trabalho com crianças para o desenvolvimento das habilidades sociais (ou socioemocionais) e especialmente da empatia”, avalia Cássia. A psicóloga acredita que estimular nas crianças a capacidade de se colocar no lugar do outro, percebendo e se solidarizando ao sofrimento alheio é uma condição necessária para minimizar a ocorrência do bullying.

No que diz respeito às escolas, os especialistas são unânimes em afirmar que o bullying ocorre em todas, independentemente de idade ou classe social. “O que muda é a forma como o assunto é abordado em cada uma”, comenta o Dr. José Francisco Klas, coordenador do Departamento de Saúde Escolar e organizador do Programa de Prevenção ao Bullying e do Programa de Desenvolvimento de Habilidades Socioemocionais do Colégio Bom Jesus. A forma de abordagem de uma instituição na prevenção e no combate ao bullying pode representar a mola propulsora para a redução desse fenômeno no ambiente escolar. A elaboração de um programa estruturado de prevenção ao bullying é fundamental para minimizar sua ocorrência. Alguns pontos importantes são:

  • Informar toda a comunidade escolar − professores, alunos, familiares e direção − sobre o fenômeno bullying, incluindo sua definição, características e consequências.
  • Oferecer subsídios para as medidas de prevenção ao bullying na escola.
  • Detalhar o perfil habitual dos envolvidos em situações de bullying (alvo, autor, testemunha e/ou espectador), permitindo que se possa identificá-los e ajudá-los.
  • Propor uma forma de abordagem das situações suspeitas ou confirmadas de bullying e de seus envolvidos.
Família contra o bullying
Em casa, algumas ações podem auxiliar os pais na hora de estimular a empatia das crianças. Veja as orientações da psicóloga:
  • Pare para ouvir: na correria do dia a dia, muitas vezes, conversamos uns com os outros ao mesmo tempo em que estamos fazendo mil coisas. Parar o que estamos fazendo para ouvir com atenção uma criança, independentemente da idade dela e do assunto que quer falar, mostrará a ela que conversar é importante e, principalmente, que o que ela fala e expressa tem valor. Poder se expressar facilitará o entendimento e o reconhecimento da necessidade da expressão do outro.
  • Seja empático: reconheça a coerência e a seriedade do que a criança está demonstrando, veja a situação “pelo olhar dela” e faça comentários como: “eu entendo o que você está sentindo” ou “eu também me sinto frustrado quando quero muito uma coisa e não consigo”. Perceber que seus sentimentos podem ser compreendidos e validados poderá facilitar a percepção e a compreensão dos sentimentos do outro.
  • Simule situações: quando a criança falar sobre um conflito ocorrido com um colega, por exemplo, incentive-a a se colocar no lugar do amigo: “se isso acontecesse com você, o que você faria?”.
  • Valorize o respeito às diferenças: colocar-se no lugar do outro fica muito mais fácil quando a criança sabe perceber, entender e respeitar as diferenças.
Programa de Desenvolvimento de Habilidades Sociais
Para auxiliar no desenvolvimento emocional de seus alunos, o Grupo Educacional Bom Jesus possui um Programa de Desenvolvimento de Habilidades Sociais, no qual são abordados diferentes tópicos de acordo com a faixa etária e fase de cada criança. Na Educação Infantil e 1.º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, o teatro de fantoches é uma ferramenta para falar sobre noções iniciais de resolução de problemas, autocontrole e estratégias para a inclusão de alunos novos e como agir diante de provocações ou de apelidos.

Ao longo do Fundamental I, as crianças seguem trabalhando a resolução de problemas, bem como a compreensão das diferenças, a expressão de sentimentos, a importância do respeito, entre outros. No Fundamental II, são trabalhados os temas: como agir diante de provocações dos colegas, como agir de forma assertiva nas relações com colegas, pais e professores, como agir caso sinta-se excluído por um grupo, como resistir à pressão dos pares para praticar cyberbullying e para enviar imagens íntimas (sexting), entre outros. Em todas as fases, o tema “Empatia como prevenção ao bullying” faz parte das discussões.

De acordo com Cássia Wicthoff, desde o início do trabalho, houve diminuição da ocorrência de comportamentos inadequados no ambiente escolar e maior atuação dos próprios alunos na observação e identificação de situações suspeitas de bullying. Novos alunos passaram a se adaptar melhor à escola e alunos com necessidades educacionais especiais foram incluídos com mais facilidade.

Esse conteúdo foi publicado no Guia dos Pais do G1 Paraná.

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