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28.09.2018

Por que investir em pesquisa científica na infância?

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Por que investir em pesquisa científica na infância?

Países que investem em pesquisa científica tendem a desenvolver novas tecnologias, gerando produtos e “patentes”, isto é, registros que geram pagamentos de direitos (royalties). O número de patentes é um dos fatores que refletem o grau de inovação de um país. Segundo a Associação Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), em 2013, a China registrou 825 mil patentes e os EUA, 571 mil. Juntos, eles têm mais da metade do total global. O Brasil registrou apenas 30 mil pedidos, o que reforça a necessidade de o país investir em pesquisa. Países com elevado número de “patentes” tendem a criar um círculo virtuoso, pois novas tecnologias induzem a novas descobertas, gerando novos campos de trabalho e desenvolvimento econômico e social. Por isso, a pesquisa não deve ser uma atividade exclusiva das universidades ou das grandes empresas. Ela precisa surgir bem antes, na escola, desde as séries iniciais, pois é nesta fase da vida que as crianças serão instigadas aos desafios e à criatividade. E é nessa fase que se inicia a alfabetização científica.

Para Adalberto Scortegagna, coordenador de Iniciação Científica do Centro de Estudos e Pesquisas do Bom Jesus, ao desenvolver pesquisa científica na Educação Básica, crianças e adolescentes antecipam um processo que, de forma geral, só seria vivenciado na universidade. “Ao entrar em contato com a iniciação científica, eles conhecem o problema, levantam hipóteses e desenvolvem o método científico. Ao ingressar na universidade, esses alunos estarão mais bem preparados para desenvolver pesquisas que possam impactar de forma positiva a sociedade”, avalia Scortegagna, que entende que a pesquisa científica auxilia o aluno a desenvolver a metodologia científica, aprimorando seu senso de responsabilidade, pois na ciência desenvolvem-se métodos e padrões de ações.

Alfabetização científica
No Colégio Bom Jesus, por exemplo, a pesquisa científica começa no 9.º ano do Ensino Fundamental, com o Programa de Iniciação Científica. O objetivo é possibilitar aos alunos o contato com a metodologia de pesquisa, incentivando-os a desenvolver o questionamento, a dúvida, a elaboração de hipóteses e a busca de soluções para os problemas do cotidiano.

Cada Unidade tem um professor responsável que recebe os alunos interessados e os orienta quanto ao desenvolvimento do Projeto de Pesquisa e todos os passos seguintes. Os alunos participam do curso on-line “Ápice”, oferecido pela Febrace/USP e que aborda a metodologia da pesquisa científica. As reuniões entre alunos e professor ocorrem a cada semana ou quinzena, dependendo das orientações da escola e do professor/orientador. No mês de outubro, o colégio promove a Feira de Iniciação Científica do Ensino Médio (Ficem) que reúne trabalhos de todas as Unidades Bom Jesus. Os alunos também fazem inscrição em Feiras de Iniciação Científica regionais e na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) na USP, em São Paulo.

Na opinião de Scortegagna, a iniciação científica estimula o amadurecimento das crianças e dos adolescentes, apresentando reflexos no cotidiano escolar. “Há mudança significativa na postura dos alunos ao vivenciarem a iniciação científica, pois apresentam, em sala de aula, uma postura mais amadurecida e responsável, de observação e de questionamento. Eles tendem a ser mais críticos, responsáveis e questionadores. Olham o mundo a partir do olhar do pesquisador, isto é, analisam problemas e buscam soluções”, conta o coordenador.

Mas a contribuição vai além da discussão de problemas, da construção ou desenvolvimento de um produto. A sociedade ganha mais indivíduos responsáveis e críticos. “Sob esse olhar, a democratização científica se torna uma aliada no combate às desigualdades sociais existentes no país ao antecipar o gosto por desafios e promover uma revolução educacional, tendo a alfabetização científica como um dos pilares. Crianças em um ambiente que provoca a criatividade poderão se tornar adolescentes críticos e adultos responsáveis, tanto do ponto de vista ético como ambiental e social”, finaliza Scortegagna.

Esse conteúdo foi publicado no Guia dos Pais do G1 Paraná.

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