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07.11.2018

Como criar filhos persistentes

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Como criar filhos persistentes

A psicóloga Angela Lee Duckworth, autora do bestseller “Garra: o Poder da Paixão e da Perseverança”, afirma que talento e inteligência não são os únicos indicadores de sucesso. Para ela, garra é ter resistência. Essa perspectiva coloca a perseverança como um processo que pode ser aprendido. Entender essa habilidade é fundamental para ajudar a desenvolvê-la com as crianças.

Para o coordenador de Filosofia do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus, Leandro Amorim, não há uma absoluta hierarquia entre perseverança e inteligência. “A primeira não se desenvolve sem ligações cognitivas, e a segunda se torna estéril sem estímulo. Dessa maneira, podemos ver que, em aspectos gerais, essa parceria só aumenta a possibilidade de uma vivência e de relacionamentos plenos e abundantes”, esclarece Amorim.

Perseverança não é persistência - De maneira geral, a perseverança pressupõe a criatividade, ou ainda, maneiras diferentes de tentar fazer algo que não nos frustre ou condicione. Amorim explica que é muito comum as pessoas confundirem perseverança com o termo persistência. “A persistência seria a ideia de bater sempre da mesma forma, do mesmo jeito, em uma única tecla, sem tentar analisar a situação de um jeito diferente. Já a perseverança requer criatividade, ou seja, o perseverante busca todas as possibilidades até descobrir uma maneira de alcançar o sonhado objetivo”, explica o coordenador. Ele acrescenta que a diferença é pontualmente que o perseverante aprende algo, partindo daquilo que tentou e realizou, entendendo toda tentativa como um ganho.

Consumo X consumismo - Nos dias de hoje, a perseverança tem ficado cada vez mais escassa entre jovens e adultos. Uma das possíveis razões é o consumismo. De acordo com o professor Amorim, enquanto o consumo está diretamente ligado às necessidades ou à sobrevivência do indivíduo, o consumismo geralmente caracteriza quem não tem necessidade imediata do produto e o adquire mesmo assim. Essa atitude, que parece ser tão inofensiva, denota falta de resistência e um certo melindre excessivo que, além de compras, diz respeito a relações interpessoais, objetivos e uma certa liquidez. “Zygmunt Bauman, ao pontuar esse conceito, aponta que a sociedade não pensa no longo e no médio prazo, tem dificuldade em traduzir seus desejos em projetos de média ou longa duração, fazendo com que esse mesmo público de jovens, adultos desregulamentem e desordenem tudo a seu redor”, avalia Amorim.

A boa notícia é que a perseverança pode ser recuperada e, também, desenvolvida. Para isso, é preciso que o foco passe a ser um itinerário bem-feito, um olhar generoso e humano ao entorno e, principalmente, voltado aos próprios sonhos. “De alguma forma, como dizia Shakespeare, somos do tamanho dos nossos sonhos. E todo sonho serve como uma espécie de combustível para que a vida aconteça”, acredita Amorim.

Esse conteúdo fui publicado no Guia dos Pais, do G1 Paraná.