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24.01.2022Comunicação assertiva: empatia e respeito são chaves para a construção das boas relações
Uma das habilidades socioemocionais mais importantes para os relacionamentos é a capacidade de se comunicar de maneira assertiva. Diferentemente do estilo passivo, em que se abre mão dos próprios direitos, opiniões ou necessidades para favorecer a outra pessoa, e do agressivo, em que se prioriza a si mesmo em detrimento do outro, o estilo assertivo de comunicação permite expressar opiniões, necessidades e direitos, sempre com respeito.
A comunicação assertiva é uma forma de comunicação trabalhada por toda a equipe de professores do Colégio Bom Jesus junto aos alunos. A ideia é estimular que os estudantes exponham suas opiniões, direitos, sentimentos, de forma respeitosa, empática. A assertividade faz parte das habilidades socioemocionais abordadas no Colégio, ao lado de outras como resolução de problemas, expressão de sentimentos e autocontrole. “É uma forma de comunicação fundamental para qualquer relação interpessoal e é uma habilidade que pode ser desenvolvida desde a infância. Ao treinar a assertividade desde as séries iniciais, ela tende a tornar-se mais natural e a ser um recurso importante para o aluno nas suas relações pessoais e, futuramente, nas profissionais, diz a médica do Departamento de Saúde Escolar (DSE) do Colégio Bom Jesus, Nicole Klas.
“Para que haja uma comunicação efetiva, é necessário, antes de mais nada, aprender a escutar. Muitos ouvem, mas poucos são os que escutam, oferecendo ao cérebro – e ao coração – o tempo necessário para acolher aquilo que foi dito pela outra pessoa. Somente depois de fazer isso é que se deve falar, atentando para que a minha opinião represente o meu ponto de vista, sim, sem que para isso seja necessário ter uma postura combativa, pois a gente pode dizer o que pensa sem ofender”, afirma a coordenadora de Língua Portuguesa do 7.º, 8.º e 9.º anos no Centro de Estudos e Pesquisas (CEP) do Colégio Bom Jesus, Yohana Hartmann Schena, fazendo alusão ao texto “Escutatória”, de Rubem Alves (e que é trabalhado no Colégio).
Uma das estratégias de comunicação assertiva ensinadas no Bom Jesus são as chamadas mensagens na primeira pessoa: ao expressar suas opiniões, direitos e necessidades, a pessoa usa o pronome na primeira pessoa do singular, “eu”, em vez de usar a segunda pessoa (“tu” ou “você”). Por exemplo, ao discordar de um assunto, falar “eu penso diferente” é uma forma mais assertiva de comunicação do que “você está errado”, que pode ser interpretada como mais agressiva pelo interlocutor.
“Sabemos que a habilidade da comunicação assertiva é uma das mais valorizadas e exigidas para os relacionamentos pessoais e profissionais no século 21. Precisamos sempre estimulá-la não só dentro do colégio, mas em todas as nossas relações”, diz Nicole.
Teia para ensinar a importância do diálogo
No Colégio Bom Jesus, as habilidades socioemocionais, que são construídas ao longo da vida, são relacionadas com algumas virtudes. Em cada ano é trabalhada uma virtude – no 8.º ano é o diálogo. Assim, todos os professores são estimulados a desenvolver atividades que contemplem a valorização dessas virtudes, como o trabalho da professora Yohana, por exemplo.
No Colégio Bom Jesus Joana d’Arc, de Rio Grande (RS), a professora de Língua Portuguesa, Língua Espanhola e Literatura, Lia Beatrice Soldera Pereira, desenvolveu algumas atividades com as turmas com o objetivo de que elas se relacionassem melhor, já que o Colégio trabalha para que as relações interpessoais sejam cada vez mais aperfeiçoadas. Uma das atividades propôs que os estudantes escrevessem qualidades da turma vizinha, que seriam reveladas mais tarde, sem identificação do aluno. “Eles passaram a entender melhor que todos precisam respeitar o próximo, se colocar no lugar do outro e que, para isso, é necessário melhorar o diálogo. Ao tomar conhecimento do que foi escrito, eles se deram conta de que havia coisas boas na outra turma e que eles também eram vistos com suas qualidades”, explica a professora.
Antes disso, ela pediu que os alunos escrevessem sobre diálogo, respeito e empatia. Depois, para revelar as características, foi realizada a atividade da teia, na qual um grande novelo de lã ou de fio de náilon vai sendo jogado de uma pessoa a outra, formando uma grande teia (a atividade foi realizada com distanciamento, máscara e álcool em gel). Cada vez que a pessoa joga o novelo, ela destaca uma característica positiva de quem vai recebê-lo naquela jogada. “Eles entenderam que na teia todo mundo fica unido, e assim é nas relações que temos na sociedade. Eles interpretaram que acabamos ‘puxando’ uns aos outros – pois, ao se puxar a linha, as pessoas vêm todas juntas”, comenta.
“Quando a gente pensa em escola, não é só o conteúdo formal que devemos valorizar. Temos de reforçar que vivemos em sociedade e que precisamos nos preparar para essa vivência. O que adianta saber conjugar um verbo ou entender o que é uma oração subordinada, se não consegue se relacionar com os colegas?”, analisa a professora.