Valores Humanos
15.10.2014Dia do Professor
Hoje é uma data muito especial. Dia de agradecer a quem participa das nossas vidas desde a infância e nos acompanha ao longo da vida, sempre ensinando e educando: o Professor. Isso mesmo, com letra maiúscula para demonstrar toda a sua importância.
Para comemorar o Dia do Professor, que é celebrado em todo o Brasil nesta quarta-feira, 15 de outubro, o Grupo Bom Jesus compartilha a seguir um artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, de autoria do Frei Claudino Gilz, que é coordenador de Ensino Religioso da instituição e professor do curso de Pedagogia da FAE Centro Universitário.
Boa leitura e parabéns a todos os professores!
Professor, modo de vida e profissão
A celebração do Dia do Professor em 15 de outubro instiga-nos à reflexão, à gratidão e ao reconhecimento. Saberíamos ainda citar, pelo menos o nome de todos aqueles professores que nos acolheram com amor na escola, no colégio ou universidade? E se ousássemos reunir numa única palavra o que desses professores chegamos a conhecer enquanto modo de vida, o que diríamos? Diríamos que eram amáveis, simples, felizes, acessíveis, sábios, competentes, compreensíveis, pesquisadores ou profissionais?
Sim, diríamos! Diríamos tudo isso e talvez muitos outros qualificativos mais do que justos aos professores que na escola e na universidade conhecemos e nos desafiaram a palmilhar o caminho do conhecimento. Porque foram eles muito mais do que professores a privilegiar a adaptação gradativa dos alunos ao espaço escolar, a desenvolver a contextualização dos conteúdos a serem investigados, a propor de forma criativa e instigante os mais diversos desafios cognitivos (ler, escrever, interpretar, contar, identificar hipóteses, decifrar problemas, estabelecer associações etc.). Foram, no exercício da docência, mestres em humanidade. Não prescindiram do amor à educação, do diálogo, da troca de saberes, do respeito aos seus alunos, do esmero na preparação de suas aulas, do uso dos melhores recursos didáticos que tinham à disposição. Promoveram crescimento intelectual e sensibilidade cívica.
A compreensão de professor – seja vinculada a um modo de vida, seja como um modo de vida vinculado a uma profissão – faz memória à ousadia de Sócrates na Grécia antiga a fazer instigantes perguntas aos seus interlocutores. Um modo de vida que desinstalava seus interlocutores a refletir, a reexaminar e a questionar saberes que supostamente afirmavam ter sobre os mais diversos assuntos, não para menosprezá-los, mas para ajuda-los a viver cientes de seu não-saber e de sua não-sabedoria. Mais do que inibir seus interlocutores com ousadas ou irônicas indagações, Sócrates os persuadia a perceberem a necessidade de se responsabilizarem pelo que presumiam saber de si e da vida. Responsabilizarem-se não como imposição, mas como escolha. Visto que, segundo Sócrates, não se podia atribuir credibilidade a saberes sem aferição de seus pressupostos.
Tal como a Sócrates e aos professores da atualidade, é em meio a interrogações, análises e aferições que o saber se instaura. E, por assim viver e ensinar, a docência é um modo de vida. É um modo de vida capaz de incitar o próprio conhecedor a tomar consciência de seu não-saber, a examinar os pressupostos dos valores que estão a embasar a vida sua e a de tantos outros. Modo de vida que, por sua vez, está para além de uma cultura geral ou científica que se possa atingir. Modo de vida que transforma as relações. Faz escola e prepara para as adversidades do cotidiano. Modo de vida que dispõe o aluno para a arte de bem viver e de bem dizer isso ou aquilo. Modo de vida, enfim, que mobiliza para a estreita simbiose entre discurso e prática, onde cada um passa a ser o que fala e a praticar o que ensina.
Professor, modo de vida e profissão não é, por essas e tantas razões, mais um tema aqui proposto. É uma forma de reconhecer o que hoje somos graças à contribuição de inúmeros e inesquecíveis professores que escolheram a docência como modo de vida e profissão.