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18.01.2018

O ensino bilíngue que funciona

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O ensino bilíngue que funciona

Aprender uma ou mais línguas estrangeiras possibilita aos alunos inúmeras vantagens nos campos linguístico, cultural e cognitivo. No campo linguístico e cultural, por exemplo, o contato intenso com outros idiomas permite acessar com mais facilidade as diferentes comunidades linguísticas e, consequentemente, conhecer diferentes culturas.

Com relação à parte cognitiva, pesquisas apontam que os indivíduos bilíngues possuem vantagens referentes ao raciocínio e ao pensamento criativo, devido à constante ginástica cerebral requerida para se expressar nas diferentes línguas. Há também o desenvolvimento do conhecimento metalinguístico, ou seja, consciência sobre as propriedades estruturais da língua, incluindo sons, palavras e gramática.

Mas qual seria a idade certa para matricular a criança numa escola bilíngue? A gestora do Colégio Bom Jesus Internacional Aldeia, Patrícia Daiani Dias, aponta vários estudos que comprovam que crianças têm alta capacidade para o aprendizado e para se tornarem bilíngues com mais facilidade. “As pesquisas que utilizam neuroimagens demonstram que as vantagens cognitivas provenientes do bilinguismo beneficiam mais as crianças do que os adultos, por conta da plasticidade cerebral, que nas crianças é bem mais acentuada e na vida adulta essa capacidade, gradativamente, vai diminuindo.

Outras pesquisas sugerem ainda que exista uma maior acuidade auditiva bem como uma maior flexibilidade muscular do trato vocal das crianças, o que pode explicar a sua capacidade de assimilar a pronúncia de outros idiomas sem maiores esforços. Ademais, crianças bilíngues demostram que também possuem maior capacidade para reconhecer o caráter arbitrário do significante linguístico com relação ao significado. Dessa forma, a possibilidade de acesso a diferentes línguas ainda em tenra idade é mais do que recomendada”, conta Patrícia. A gestora explica que as escolas bilíngues precisam valorizar esse potencial e propiciar às crianças que se tornem biletradas.

“Quando o aluno inicia sua vida acadêmica, traz consigo seu repertório linguístico, mesmo que apenas oral, acerca de uma ou de mais línguas. Uma proposta consistente de educação bilíngue considera esse fato e possibilita desenvolver as habilidades linguísticas da leitura e da escrita em mais de um idioma, estimulando a compreensão do funcionamento destas como ferramenta social, capaz de ampliar o repertório cultural, social e acadêmico dos alunos, levando-os ao biletramento”, completa a gestora. Para que haja sucesso nesse processo, a escola precisa oportunizar um ambiente que valorize e instigue diversas vivências por meio das línguas oferecidas, tornando-o propício e atrativo à aprendizagem.

Conhecendo a escola


Ao decidir pela escola bilíngue, um ponto importante na escolha é que a escola ofereça um currículo enriquecido, com atividades para o desenvolvimento integral do aluno, e não somente maior contato com a língua estrangeira. No Brasil, muitas escolas monolíngues estão transformando seu projeto pedagógico e tornando-se bilíngues, seguindo os parâmetros curriculares nacionais, oferecendo a língua portuguesa em algumas disciplinas, a língua estrangeira em outras, geralmente, em carga horária integral para que se dê conta do ensino das áreas de conhecimento nos dois idiomas. “Caso a escola tenha somente aumentado o número de aulas de inglês, por exemplo, sem ter adotado a concepção do ensino do idioma por meio de conteúdo, ou não ofereça algumas disciplinas ensinadas por meio do idioma estrangeiro, é preciso ficar atento”, alerta Patrícia.

Outra orientação é observar o material didático adotado, que deve trazer linguagem acadêmica sobre temas de estudo variados. Os professores devem ter fluência nas línguas da escola, com a formação adequada, sendo que a escola deve oferecer formação continuada a fim de garantir a constante qualidade de ensino. Vale ressaltar que a familiarização com o idioma estrangeiro acontece gradativamente, o que requer paciência por parte dos pais, que devem evitar exigir da criança proficiência linguística no idioma logo no primeiro ano de estudo. São necessários cinco a sete anos de estudo formal para que o aluno se torne bilíngue e consiga se apropriar da linguagem acadêmica no contexto em que ele está imerso na segunda língua, conforme estudos a esse respeito.

Caso o aluno relate não entender ou gostar das aulas ensinadas no idioma estrangeiro, a orientação é comunicar à escola. “O aluno pode estar com dificuldades durante as aulas, sendo necessário resgatar os conteúdos que estão em defasagem. Pode ser realizado um acompanhamento próximo e imediato pelo professor e também podem ser ofertados momentos complementares de apoio com foco especificamente na necessidade do aluno com abordagens diferentes das aplicadas em sala de aula. Faz-se necessário também sempre motivar o aluno e ressaltar seu potencial, bem como a importância do hábito de estudo”, finaliza Patrícia.

Esse conteúdo foi publicado no Guia dos Pais do G1 Paraná.