A história da humanidade sempre foi marcada por grandes saltos socioeconômicos e culturais que provocaram transformações significativas na vida humana. Assim foi a Revolução Científica do século XVII, que deu origem à ciência moderna e à tecnologia; a Revolução Industrial, que possibilitou a produção em massa; e a Revolução Higiênica do fim do século XIX, que, prevenindo doenças, permitiu prolongar significativamente a vida humana.
Paralelamente, esboçou-se, ao longo da Era Moderna, uma importantíssima revolução ético-política, marcada pelo advento do estado de direito, a proclamação dos direitos humanos, o avanço da democracia e do sufrágio universal, a emancipação da mulher e a construção do estado do bem-estar social.
Foram assim colocadas as bases e esboçadas as linhas para a grande revolução ética que a humanidade ainda necessita realizar: o reconhecimento prático e efetivo de todos os indivíduos como seres humanos com igualdade em dignidade, direitos e oportunidades de desenvolvimento. Em outras palavras, temos ainda uma etapa a ser vencida: a inclusão de pessoas e a aceitação das diferenças culturais.
Se no plano dos princípios éticos isso representa um consenso fácil, sua concretização parece trazer desafios intransponíveis à sociedade brasileira, ampliados a cada briga de torcidas, a cada crime violento, em atos de racismo, em atitudes homofóbicas, na exclusão socioeconômica e a cada novo escândalo de corrupção.
Em que pode contribuir, nesse contexto, a Universidade Franciscana? A ação mais adequada e eficaz de uma organização costuma ser sempre aquela que é feita com seus meios próprios e no seu campo específico de atuação. Nessa perspectiva, cabe à USF atuar na área de ensino, pesquisa e extensão, com a força dos valores franciscanos e animada por sua missão educacional.
Cabe à USF levar às comunidades em que está inserida um ensino de qualidade, que permita ao estudante protagonizar sua formação nas dimensões científica, profissional e humana; desenvolver pesquisas que contribuam para a melhor compreensão e equalização dos desafios da sociedade brasileira; e também interagir sistematicamente com as comunidades em que se insere, para, ouvindo e conhecendo suas necessidades, criar programas que estimulem o desenvolvimento socioeconômico, político, cultural e espiritual.
A USF tomou para si essa tarefa e há anos atua nessa mesma direção. É a sua vocação. Os bons e crescentes resultados que vem obtendo, consignados com orgulho neste novo Relatório de Sustentabilidade, mostram que está no caminho correto.
Contudo, essa tarefa está longe de se completar. É preciso sensibilizar cada nova geração de estudantes
que ingressa, cada novo grupo de professores e funcionários, cada nova equipe da administração pública. A Revolução Ética, que busca educar para o respeito e o acolhimento do outro, a valorização das diferenças culturais, a solidariedade, a justiça e a paz, constitui uma tarefa permanente, em que novos desafios exigem novos objetivos e estratégias.
Fidelidade à missão requer, por isso, constante recomeço.
